Ter uma horta em casa é um incentivo a mais para consumir vegetais no dia a dia e não é exclusividade de casas com quintais espaçosos
Cultivar uma horta em casa é sinônimo de saúde; afinal, além de ser um incentivo a mais para incluir vegetais na alimentação cotidianamente, com o cultivo caseiro você garante hortaliças completamente livres de agrotóxicos. A horta em casa como um benefício da alimentação saudável pode ser um apelo de ainda mais valor para crianças.
“Para quem tem crianças em casa, o encantamento delas ao ver o desenvolvimento de uma planta, pode tornar o consumo destas plantas muito mais prazeroso”, aponta Renata Rodrigues Bonazzi, idealizadora do projeto Horta Zen.
Além disso, cuidar da horta pode ser uma boa atividade para ser desenvolvida com a família, proporcionando mais tempo com os filhos, ajudando a ensinar lições de responsabilidade e proporcionando contato com a natureza.
Extrapolando as vantagens para a saúde, ter uma horta em casa traz também benefícios para o bolso: cultivando os vegetais, você evita gastar com compras em supermercados e feiras. É também um trunfo a mais na decoração – seja a horta dentro do espaço da casa ou no quintal, é uma forma de acrescentar um toque de verde e deixar o ambiente mais fresco e acolhedor.
Em meio a todas as vantagens, ainda vale apontar que o cultivo de uma horta caseira não é complicado: dedicando tempo aos cuidados com irrigação e adubagem, observando a saúde das plantas e atentando-se para as necessidades de cada espécie é possível obter alimentos de qualidade que podem fazer toda a diferença na alimentação da sua família.
Onde plantar
Falta de quintal não é motivo para não ter horta! Casas com pouco espaço ou apartamentos também podem dispor de um cantinho para o plantio de uma horta – basta escolher um local que receba algumas horas de luz solar direta.
“Se o apartamento tiver muita insolação, como sol durante todo o dia, você pode ter uma horta completa, com ervas, hortaliças, leguminosas, etc. Mas, se bater poucas horas de luz, é possível plantar algumas ervas e temperos em varandas, sacada ou janelas”, indica Ana Paula Souza, arquiteta e idealizadora da Hortinha.
Na hora de escolher o melhor modo de plantar a sua horta, pense no espaço disponível, considere as espécies que deseja cultivar e avalie qual modelo melhor se integra à decoração e estilo da sua casa. Algumas formas de cultivar as plantas são:
- Direto na terra: ideal para quem tem quintal com espaço, nesse modelo tradicional as sementes ou mudas são plantadas direto na terra.
- Vasos: vasos são alternativas práticas tanto para quem mora em casa quanto em apartamento, com várias opções de tamanhos, materiais, formatos e cores.
- Embalagens recicladas: garrafas pet, latas de refrigerante ou alimentos, caixas de leite, potes de vidro. É uma saída barata, rápida e sustentável.
- Floreiras: oferecendo um bom espaço, as floreiras são ótimas para uma horta compacta em pequenos espaços.
- Caixas de madeira: espaçosos e baratos, caixotes de madeira e paletes podem ser boas escolhas.
- Horta vertical: ideal para quem mora em apartamento, esse modelo consiste em montar a horta aproveitando espaços próximos a paredes. A horta vertical pode ser plantada em vasos, embalagens recicladas, estruturas de madeira e sapateiras.
Vale destacar que quem optar por vasos, potes, caixas, garrafas e outros recipientes, seja em hortas verticais ou horizontais, não deve esquecer de providenciar furos no fundo para evitar o excesso de água no solo.
O que plantar
Confira dicas de como cultivar algumas das principais espécies de plantas para fazer a sua horta caseira.
1. Hortelã
Como plantar: a hortelã pode ser plantada por mudas ou sementes, conforme a espécie. É aconselhado fazer o plantio em um local sem ação de ventos fortes, uma vez que estes podem prejudicar o crescimento da planta.
Quando plantar: embora a planta seja resistente a mudanças de clima, o ideal é plantar durante a primavera ou outono, quando as temperaturas são mais amenas.
Cuidados e quando colher: é preciso manter o solo adubado e irrigado, além de controlar o crescimento de ervas daninhas. A colheita pode ser feita a qualquer momento, tanto pela haste quanto apenas de algumas folhas. Ao colher pela haste, corte-a acima do primeiro par de folhas.
2. Salsinha
Como plantar: as sementes podem ser plantadas em recipientes com profundidade de, pelo menos, 30 cm, para favorecer o desenvolvimento das raízes. Para agilizar a germinação, uma dica é deixar as sementes de molho em água por um dia antes de plantá-las.
Quando plantar: a salsa pode ser plantada em qualquer época do ano, de preferência aproveitando dias em que não faça calor ou frio excessivo.
Cuidados e quando colher: mantenha o solo sempre bem irrigado e planeje adubações frequentes. A colheita pode ser feita, em média, de dois a três meses após o plantio. As folhas devem ser colhidas inteiras.
3. Cebolinha
Como plantar: pode ser plantada em sementes ou mudas. Caso as sementes não sejam plantadas diretamente no local definitivo, o transplante pode ser realizado depois de 30 a 40 dias.
Quando plantar: durante todo o ano, dando preferência às épocas de clima ameno.
Cuidados e quando colher: solo irrigado e adubado, com abundância de nutrientes. A colheita pode ser feita de dois meses e meio a quatro meses após o plantio. Colha as folhas inteiras, retirando-as pela base e nunca pela metade.
4. Alecrim
Como plantar: o alecrim pode ser plantado por sementes ou mudas. No caso das mudas, o transplante para lugar definitivo deve ser feito apenas quando o ramo atingir entre 15 e 20 cm.
Quando plantar: plantas jovens não devem ficar expostas a temperaturas muito baixas, então prefira realizar o plantio em épocas mais quentes, como primavera ou verão.
Cuidados e quando colher: resistente a secas, as regas devem ser mais frequentes na planta jovem e podem ficar mais espaçadas na planta desenvolvida. A colheita pode ser feita a partir do terceiro mês após o plantio, sem retirar mais da metade dos ramos de uma só vez para não prejudicar o crescimento.
5. Manjericão
Como plantar: pode ser plantado em sementes já nos lugares definitivos ou para ser transplantado com cerca de 10 a 15 cm. Mudas podem ser feitas a partir de ramos de plantas adultas; neste caso, o comprimento deve ser de em média 15 cm e o ramo deve ser mergulhado em água até que as raízes se formem.
Quando plantar: o manjericão não tolera baixas temperaturas. O ideal é plantá-lo em épocas quentes, com temperaturas acima de 18º C.
Cuidados e quando colher: as folhas podem ser colhidas após dois ou três meses do plantio. A irrigação deve ser constante, mantendo o solo sempre com umidade média.
6. Alface
Como plantar: a alface pode ser plantada em sementes diretamente no local definitivo ou transplantada posteriormente – nesse caso, o ideal é fazer a mudança quando a planta já tiver de quatro a seis folhas, com o solo bastante irrigado.
Quando plantar: estações de clima ameno, como primavera e outono, são as mais indicadas para o plantio. Altas temperaturas podem impedir o desenvolvimento das sementes.
Cuidados e quando colher: a melhor maneira de colher é cortando a planta pela base, deixando cerca de 2,5 cm de caule acima do solo para que as folhas possam voltar a brotar. A planta pode ser colhida entre 55 e 130 dias após o plantio.
7. Couve
Como plantar: em sementes ou mudas. Quanto maior o espaço disponível, maior será o desenvolvimento da planta. Caso opte por plantar em vasos, a recomendação é de que ele tenha pelo menos 25 cm de diâmetro.
Quando plantar: a couve pode ser plantada durante todo o ano, mas se adapta melhor a épocas de clima ameno ou frio. No verão, a tendência é que o crescimento seja reduzido.
Cuidados e quando colher: o solo deve ser mantido bem adubado e irrigado. Cortar a ponta do caule principal é uma medida que estimula o crescimento de brotos laterais. A colheita pode ser feita entre 10 e 16 semanas depois do plantio, deixando no pé algumas das folhas mais jovens para não barrar o desenvolvimento.
8. Brócolis
Como plantar: o brócolis se dá bem em pequenos espaços, podendo ser plantado em sementes ou mudas já no local definitivo.
Quando plantar: pode ser cultivado durante todo o ano, mas se desenvolve melhor em clima ameno.
Cuidados e quando colher: essa é uma planta exigente em nutrientes, é preciso manter o solo rico em matéria orgânica com adubagens frequentes. A colheita pode ser feita entre 60 e 110 dias após o plantio, dependendo da espécie.
9. Espinafre
Como plantar: o espinafre se adapta bem a pequenos espaços e pode ser plantado diretamente no local definitivo, em sementes.
Quando plantar: se desenvolve melhor em clima ameno. Para regiões muito quentes, a melhor época para o plantio é durante o outono.
Cuidados e quando colher: irrigação frequente é o principal cuidado com a planta, que é de trato simples. A colheita pode ser feita de 40 a 100 dias após o plantio. Se for colher apenas algumas folhas, retire sempre as mais externas. Caso vá colher a planta inteira, corte pela base deixando cerca de 2,5 cm de caule acima do solo para o rebrotamento.
10. Agrião
Como plantar: o agrião não exige muito espaço e pode ser plantado em sementes, no seu local definitivo.
Quando plantar: outono ou primavera, quando o clima está mais ameno.
Cuidados e quando colher: é bastante sensível a secas, por isso mantenha sempre o solo úmido. As folhas podem começar a ser colhidas entre 60 e 80 dias após o plantio.
11. Repolho
Como plantar: o repolho é plantado em sementes no local definitivo ou transplantado com cerca de 10 cm de altura. Quanto maior o espaço disponível, maiores serão as cabeças produzidas.
Quando plantar: pode ser plantado durante todo o ano, uma vez que há variedades que se desenvolvem melhor no verão ou no inverno.
Cuidados e quando colher: deve ser irrigado com frequência e exige luz direta. A colheita pode ser feita quando as cabeças estiverem bem formadas e firmes, o que acontece de dois a quatro meses após o plantio.
12. Tomatinho cereja
Como plantar: plantado em sementes. Caso opte por fazer o transplante, faça isso quando as plantas atingirem aproximadamente 10 cm de altura.
Quando plantar: a melhor época para o plantio do tomatinho cereja é no início da primavera.
Cuidados e quando colher: a colheita pode ser feita entre 60 e 70 dias após o plantio, quando os frutos estiverem maduros. Caso o peso dos frutos comece a envergar o caule, ate uma estaca para sustentar a planta.
13. Cenoura
Como plantar: plante a cenoura em solo profundo, leve e livre de pedras ou outros detritos. As sementes devem ser plantadas no local definitivo.
Quando plantar: o plantio ideal é em épocas de clima ameno. Evite plantar em dias muito frios ou com temperaturas muito elevadas, acima de 30º C.
Cuidados e quando colher: a colheita pode ser feita de dois a quatro meses após o plantio, conforme a espécie da cenoura. A irrigação deve ser frequente, sempre tomando cuidado para não encharcar o solo.
14. Beterraba
Como plantar: plante em solo leve e livre de detritos, em mudas ou sementes. Pode ser plantada em local definitivo ou transplantada, cuidadosamente, quando a planta atinge 5 cm de altura.
Quando plantar: a beterraba não se desenvolve bem em altas temperaturas, mas consegue suportar o frio quando adultas. Prefira, então, plantar em épocas de clima ameno, como o início do outono.
Cuidados e quando colher: não deixe as raízes ficarem expostas, para fora da terra. Dependendo da espécie de beterraba, a colheita pode ser feita de dois a seis meses após o plantio.
15. Rabanete
Como plantar: plante as sementes de rabanete em solo leve e livre de detritos no local definitivo. Lembre-se de selecionar um recipiente com profundidade adequada ao tamanho das raízes da espécie semeada.
Quando plantar: especialmente em épocas de clima ameno, mas existem espécies resistentes a outras condições climáticas.
Cuidados e quando colher: não deixe o solo secar completamente, faça regas frequentes. A colheita acontece após 25 a 80 dias do plantio, conforme a espécie.
16. Morango
Como plantar: pode ser plantado em vasos e outros recipientes facilmente por não possuir raízes profundas. É mais comum o plantio de mudas, mas também pode ser platado em sementes.
Quando plantar: prefira dias frescos e nublados para realizar o plantio, especialmente na época que compreende o fim do verão até o fim do outono. O morango desenvolve melhor os frutos quando as temperaturas não são muito elevadas.
Cuidados e quando colher: para produzir mais frutos, corte os estolhos assim que eles surgirem. Colha quando os frutos estiverem maduros, o que ocorre de 60 a 80 dias após o plantio.
17. Abóbora
Como plantar: plante as sementes em solo rico em matéria orgânica. Caso opte por não plantar diretamente no local definitivo, faça o transplante quando os ramos tiverem três folhas.
Quando plantar: crescem melhor em climas quentes, portanto prefira plantar quando o inverno já tiver acabado, especialmente no início da primavera.
Cuidados e quando colher: mantenha o solo úmido, com irrigações frequentes. A colheita acontece cerca de quatro meses após o plantio.
18. Abobrinha
Como plantar: plante as sementes de abobrinha no local definitivo ou transplante quando o pé tiver pelo menos três folhas. A abobrinha pode ser plantada em vasos, mas se desenvolve melhor em canteiros.
Quando plantar: em épocas quentes, que são mais adequadas para o crescimento da planta. Não plante em temperaturas menores que 15º C.
Cuidados e quando colher: os frutos devem ser colhidos quando bem desenvolvidos, mas sem estarem completamente maduros. Após o plantio, o tempo é de 45 a 80 dias até a colheita.
19. Pepino
Como plantar: o ideal é que as sementes sejam plantadas no local definitivo. Caso o plantio seja feito em vasos ou outros recipientes, indica-se que eles tenham pelo menos 30 cm de diâmetro e profundidade.
Quando plantar: o pepino se desenvolve melhor em altas temperaturas, então prefira realizar o plantio após o final do inverno.
Cuidados e quando colher: mantenha a planta longe do vento. Os frutos devem ser colhidos quando bem desenvolvidos, mas antes do amadurecimento completo, o que acontece de 30 a 70 dias após o plantio.
20. Batata
Como plantar: separe um batata saudável e deixe em local iluminado até que nasçam os brotos; a batata pode ser plantada no solo quando os brotos atingirem cerca de 2 cm. Caso plante em sementes em uma sementeira, transplante para o local definitivo quando a planta tiver pelo menos quatro folhas.
Quando plantar: cresce melhor em clima ameno e não desenvolve tubérculos em temperaturas muito altas. Plante no início da primavera ou, em regiões muito quentes, no início do outono.
Cuidados e quando colher: não regue nas duas semanas que antecederem a colheita. Colha quando as plantas estiverem amareladas, o que acontece de 14 a 16 semanas após o plantio.
Como cultivar: 5 passos importantes
É vital seguir alguns cuidados para que o cultivo tenha sucesso do plantio à colheita, confira:
1. Iluminação
Pequenos espaços podem render ótimas hortas, mas para que as plantas tenham um bom desenvolvimento é preciso observar a iluminação do local. “Para o cultivo de hortaliças precisamos de, no mínimo, cinco horas de luz do sol direta por dia, pode ser no período da manhã ou da tarde. Não coloque na sombra ou luz indireta”, aconselha Caroline Reyes, agrônoma da Embrapa Hortaliças (Brasília/DF).
Sendo assim, observe bem os cantos disponíveis e escolha o mais arejado e iluminado – se a incidência for de sol da manhã, melhor ainda! A luz do sol é indispensável para que a planta sobreviva, então jamais opte por locais escuros e não conte com a ajuda de iluminação artificial.
Vale lembrar também que a incidência de luz pode mudar e a horta precisa acompanhar a claridade. “Para hortas dentro de casa que em geral estão em vasos, atenção para a mudança da incidência do sol ao longo do ano. Se necessário, mude-as de lugar”, ressalta Renata Rodrigues Bonazzi.
2. Irrigação
A irrigação é uma parte importante no cultivo de uma horta e o modo como essa atividade é realizada pode fazer toda a diferença no desenvolvimento das hortaliças. A recomendação de Caroline é para tomar cuidado com o excesso de água, que pode causar o apodrecimento das raízes. Para evitar o acúmulo, o ideal é optar por vasos com furos no fundo. Ainda assim, cuide para que você coloque uma quantidade moderada de água.
“Deve-se irrigar os vasinhos sem deixar escorrer água embaixo. A água em excesso causa a lixiviação do solo, ou seja, lava o solo, levando os nutrientes embora. O ideal é irrigar de modo que nunca escorra água”, ensina a agrônoma.
Mas, então, qual a quantidade ideal de água? Acertar a quantidade e a frequência das irrigações vai depender muito das espécies plantadas e do local da sua horta – hortas em vasos tendem a secar mais rápido que em canteiros, por exemplo.
“Difícil dizer quanto e quando irrigar. Varia de planta para planta, de clima para clima. Em geral, sugerimos regas diárias ou a cada dois dias. De preferência, no início da manhã ou fim da tarde quando não há incidência de sol sobre a horta”, indica Renata.
Para verificar a necessidade de água, é importante observar o aspecto da planta, atentando-se para folhas amareladas, secas ou caídas, que podem ser sinais de falta de água. Outro método de verificação é inserir o dedo ou um palito no solo: se ao retirar o palito ou o dedo eles estiverem úmidos ou com terra grudada, o solo ainda está molhado; caso contrário, é hora de fazer uma nova rega.
Na hora de regar, a dica de Renata é direcionar a água com proximidade da raiz e evitar jogá-la “por cima”, de modo que a água não entre em contato com as folhas. “Isto pode evitar que alguma doença que já esteja nas folhas prolifere para o resto da planta”, explica.
3. Preparação do solo
A preparação do solo é um passo importante para seguir antes de dar início ao plantio dos vegetais. É preciso garantir que o solo da horta seja rico em nutrientes e matéria orgânica para que as plantas cresçam com saúde e resultem em hortaliças de qualidade.
Há formas diferentes de preparar o solo com uma boa quantidade de nutrientes, existindo, inclusive, alternativas de terras já preparadas que podem ser compradas em lojas especializadas. Quem deseja fazer a preparação em casa pode adotar uma das receitas indicadas pelas especialistas.
A agrônoma da Embrapa Caroline Reyes indica uma mistura que leva quatro tipos de ingredientes: 50 litros de terra, 100 gramas de cal hidratada, adubo orgânico (17 litros de esterco de galinha ou 34 litros de esterco de gado) e adubo químico (200 gramas de NPK 4-14-8 ou 100 gramas de NPK 4-30-16).
Já a indicação de Renata Rodrigues Bonazzi, do Horta Zen, é um composto de três partes: 1/3 de terra preta, 1/3 de um mineral chamado vermiculita e 1/3 de matéria orgânica, que pode ser esterco de aves, húmus de minhoca ou outros compostos.
Outro ponto a ser observado é em relação à leveza e drenagem do solo. “A leveza e a drenagem são importantes para que o solo não fique compactado e as raízes possam fluir e se desenvolver por todo o espaço que têm. Estas características também contribuem para um solo não encharcado que podem levar ao apodrecimento das raízes e ao desenvolvimento de fungos”, esclarece Renata.
4. Adubação
Manter o solo da horta rico em nutrientes através da adubação vai ajudar a formar plantas mais bonitas, viçosas e bem desenvolvidas.
“As hortaliças são muito exigentes em nutrição, por isso, além do solo previamente preparado, depois que as plantinhas estiverem crescendo é necessário fazer adubações complementares a cada 15 dias”, pontua Caroline. Além desse cuidado, Renata recomenda que a cada colheita, o solo seja adubado antes de receber o plantio de um novo vegetal.
As adubações podem ser feitas com compostos orgânicos, esterco de galinha ou gado, húmus, sulfato de amônio ou adubos químicos. Lembre-se que quanto maior a variedade de adubos orgânicos utilizados, melhor para a saúde – sua e das plantas!
5. Colheita
O tempo para colher um vegetal varia muito de acordo com a espécie de planta e pode ser influenciado pela época do ano, pela qualidade do solo, nutrientes, irrigação, eventuais pragas ou doenças e demais cuidados no cultivo. É comum que os pacotes de sementes venham com a previsão de colheita indicada na embalagem, mas este não deve ser um fator limitante em uma horta caseira.
“A planta não precisa estar no seu desenvolvimento máximo para iniciar a colheita. Você pode colher antes”, aponta Renata. Segundo a especialista, colher antes do desenvolvimento máximo pode proporcionar algumas vantagens, como o incentivo para que a planta cresça mais e a liberação de espaço para o desenvolvimento das plantas vizinhas, além de maior rapidez de consumo.
Controle de pragas
Até mesmo as pequenas hortas caseiras estão sujeitas a pragas. Felizmente, como as proporções são menores, também torna-se mais fácil controlar o problema e manter as plantas saudáveis sem grandes transtornos.
“As pragas em hortas caseiras podem ser combatidas de maneira simples, manualmente ou utilizando sabão neutro, detergente de louça e/ou extratos de pimenta ou alho. Não utilize nenhum produto inseticida industrial do tipo spray sobre as plantas, pois pode resultar em intoxicação”, pontua Caroline.
Evitar o uso de venenos industrializados e agrotóxicos é uma regra de ouro: esse tipo de produto pode prejudicar tanto a saúde das plantas quanto a sua. Além disso, vale prestar atenção na dica da remoção manual de folhas contaminadas e bichos, que é um método simples, não agressivo e eficiente.
“Primeiro tente a catação manual de folhas e bichos, se não forem muitos. Se não for possível, pesquisar pragas e doenças que costumam atacar aquela planta e como combatê-las com inseticidas naturais”, indica Renata.
Para ajudar no combate às pragas, confira 5 receitas de inseticidas naturais que podem ser usados em hortas caseiras:
1. Inseticida de alho
- 1 cabeça de alho;
- cravo da índia;
- 2 copos de água.
Bata todos os ingredientes no liquidificador até formar uma mistura homogênea e deixe-a descansar por um dia. Depois, adicione à mistura três litros de água e mexa bem. O inseticida pode ser borrifado nas folhas das plantas.
2. Inseticida de óleo vegetal
- 5 ml de óleo de algodão ou soja;
- 0,5 ml de detergente neutro;
- água.
Em um recipiente com capacidade de 1L misture o óleo vegetal, o detergente e complete com água. Borrife a mistura nas folhas, brotos e frutos. Prefira fazer a aplicação ao final da tarde, quando a temperatura estiver mais amena.
3. Inseticida de coentro
- 200g de folhas de coentro;
- 1L de água.
Bata os ingredientes no liquidificador e borrife o líquido nas folhas das plantas.
4. Inseticida de pimenta
- 6 a 10 pimentas;
- água.
Bata as pimentas no liquidificador com dois copos d’água por dois minutos. Deixe o composto descansar por uma noite e, no dia seguinte, filtre-o e misture com mais um copo d’água. O líquido pode ser borrifado nas folhas.
5. Inseticida de folhas de nim
- 250g de folhas de nim;
- água.
Bata as folhas no liquidificador com dois litros de água e deixe a mistura descansar por 12 horas, em local escuro. Depois, filtre o extrato e acrescente mais 18 litros de água. Aplique nas folhas. O inseticida pode ser conservado por três dias.
5 aspectos importantes para considerar
Além das indicações de cultivos e observações das necessidades de cada espécie de planta, algumas dicas gerais podem ajudar a melhorar ainda mais a qualidade e o desenvolvimento da sua horta caseira. Confira alguns pontos que devem ser levados em consideração:
1. Atenção ao comprar terra preparada
Comprar terra preparada em lojas especializadas pode ser uma ótima alternativa para garantir um solo adequado ao crescimento das plantas da sua horta, uma vez que esse tipo de produto já vem pronto com os nutrientes necessários. Porém, não esqueça de verificar a embalagem e as recomendações de uso antes de começar a plantar!
“Atente-se para que, no rótulo do saco de terra, esteja escrito que ela se destina ao cultivo de hortas/hortaliças. Não utilizar terra preparada para floricultura/jardim, pois não é adubada adequadamente e o desenvolvimento das hortaliças será prejudicado”, alerta Caroline.
2. Aposte na rotatividade de variedades
Acabou de colher cenouras na sua horta? Então, aproveite o mesmo espaço para plantar outro tipo de vegetal! Segundo Renata, fazer essa rotatividade de espécies sempre que possível após as colheitas é importante “para que minimize a possibilidade de escassez de algum nutriente do solo”.
3. Confira a qualidade de mudas e sementes
Antes de plantar sementes ou mudas, é importante verificar a qualidade e a saúde. Ana Paula recomenda que sejam escolhidas “boas mudas e sementes orgânicas, sem defensivos e fertilizantes sintéticos”. Se for plantar mudas, sempre verifique o estado da planta, conferindo se está saudável, para não correr o risco de já começar o cultivo com um pé contaminado.
4. Cuidado com ervas daninhas
Procure observar constantemente se a horta está limpa, sem a presença de plantas e ervas desconhecidas. O crescimento de ervas daninhas pode atrapalhar o desenvolvimento das hortaliças plantadas, que passarão a disputar espaço, nutrientes e água com as intrusas.
“Arranque sempre matinhos desconhecidos que vão nascendo espontaneamente. São ervas que chegam sem ser convidadas para consumir o nutriente do solo. Pode arrancar!”, reforça Ana Paula.
5. Monte a horta próxima a você
Prefira instalar a sua horta em um cantinho da casa com o qual você tenha bastante contato para que ela fique sempre visível, se possível – ou seja, se as condições de luz e ventilação forem adequadas. “Desta forma, cuidará mais, desfrutará mais acompanhando o crescimento da planta e acabará colhendo mais por ter mais cuidados com esta horta”, aponta Renata.
As cores das hortaliças e a saúde
Montar um prato colorido é uma arma poderosa para quem busca uma alimentação saudável: as substâncias que dão cores às plantas podem ser também substâncias essenciais à saúde do nosso organismo. Pensar nisso pode dar uma boa ideia de que hortaliças selecionar para a sua horta.
Verde: colabora para a saúde da pele, ossos, visão, sistema imunológico e nervoso, além de auxiliar na digestão, na redução do colesterol e na prevenção de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Exemplos: couve, alface, brócolis, espinafre, pimentão, agrião.
Amarelo e laranja: ajuda a manter saudável a pele, a visão, o sistema sexual e imunológico, combatendo ainda doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. Exemplos: cenoura, pimentão, abóbora.
Vermelho: combate o colesterol e doenças cardiovasculares, atua na prevenção de câncer de próstata, mama e estômago, colabora para a saúde da pele, dos vasos sanguíneos e da gengiva, fortalece o sistema imunológico e ajuda na formação de colágeno. Exemplos: morango, tomate, pimenta, melancia.
Branco: anti-inflamatório, combate a alergias, fortalecimento do sistema imunológico e circulação. Exemplos: cebola, aipo, couve-flor, alho.
Roxo: auxilia na prevenção de câncer e doenças cardíacas, além de serem ótimas para a memória e para o sistema digestivo. Exemplos: beterraba, repolho roxo, berinjela, alcachofra.